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Por uma escola sem barreiras

Educação e inclusão foram tema de debate de mesa redonda do II Congresso Internacional de Educação Sesi-SP

Educação e inclusão foram tema de debate de mesa redonda do II Congresso Internacional de Educação Sesi-SP

 Por: Lúcia Rodrigues, comunicação Sesi-SP
18/09/202410:54- atualizado às 12:02 em 21/10/2024

Educação e inclusão: por uma escola sem barreiras” foi o tema da primeira mesa redonda que reuniu, no II Congresso Internacional de Educação Sesi-SP, na terça-feira (17/9), Maria Mantoan, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Liliana Ramos, da Universidad Diego Portales(UDP), do Chile, com a mediação  de Danieli Tavares.

 

Foto: Karim Kahn / Sesi

 

Mestre e doutora em Educação pela Unicamp, Maria Mantoan defende que a perspectiva inclusiva na aprendizagem conduz a uma abordagem mais ampla das dificuldades educativas dos alunos, centrada no desenvolvimento e aprendizado. Segundo ela, a perspectiva inclusiva pressupõe o direito de todos acessarem o mesmo currículo.

Inclusão não é integração, não é mera inserção numa determinada comunidade, não tem a ver com deficiências. Inclusão tem a ver com ensinar sem diferenciação. Inclusão não veio para atrapalhar, veio para aprimorar o ensino”, afirma Mantoan.

 

Maria Mantoan, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 
afirma que a inclusão veio para aprimorar o ensino.
Foto: Karim Kahn / Sesi

 

No entendimento dela, na maioria das escolas ainda vigoram normas que atrapalham o ensino inclusivo. Entre elas, habilidades e competências que devem ser alcançadas em tempos determinados; avaliações padronizadas; comparação do desempenho dos alunos a partir das notas; diferenciações de currículos e atividades adaptadas para alguns alunos; e valorização de um conhecimento sistematizado.

Ela define a educação inclusiva como um modelo de educação que integra todas as crianças sem nenhuma distinção, e que as escolas regulares que são inclusivas tenham uma organização no sistema educacional para que possam atender as necessidades apresentadas pelos alunos com deficiência.

O projeto da maioria de nossas escolas é baseado no paradigma da aprendizagem, que seleciona alunos, privilegiando alguns e excluindo os demais”, disse. Nas escolas inclusivas, porém, a aprendizagem é uma recriação de cada aluno. “Não depende do que o professor ensina, mas das relações que o aluno estabelece com o que já conhece, com o que é relevante para ele, com questões que lhe são provocativas”, explicou.

A professora afirma ainda que a escola inclusiva rompe com a avaliação entendida como processo objetivo, controlado pelo professor por provas, e outros recursos.

É uma atividade de ensino em que cada aluno tem espaço para mostrar o que entendeu, livre de tensões e julgamentos. Todo aluno tem o direito de se autoavaliar e de manifestar o que aprendeu, dizer o que gostaria de saber mais e expressar quais foram suas dificuldades”, acredita Mantoan.

Somos professores inclusivos quando abandonamos o nosso modo padrão de ensinar e exercemos o nosso poder de ofício. Não comparamos a capacidade de aprendizagem dos alunos e não sujeitamos nossos alunos a provas com gabarito único”, finalizou.

 

 

Educação inclusiva no Chile

A educação inclusiva no Chile, como em outros países, vem sendo implementada em meio a várias temáticas, tais como gênero, migrações, diferenças de habilidades dos estudantes, condições socioeconômicas, grupos étnicos, a deficiência e outras condições humanas relacionadas à educação especial.

São 3,6 milhões alunos matriculados no sistema educacional (dados de 2023). Desse total, entre alunos com necessidades especiais de educação, 450 mil estão estudando em escolas regulares e 41 mil em escolas especiais.

Sabemos que educação inclusiva não tem a ver com a deficiência, isso foi um erro histórico que aconteceu em muitos países”, disse Liliana Ramos, professora de Pós-Graduação em Integração de Crianças e Adolescentes no Ensino Regular e na Formação em Desenvolvimento Cognitivo da Universidade Diego Portales (UDP), de Santiago.

 

Liliana Ramos, da Universidad Diego Portales(UDP), do Chile,
afirma que educação inclusiva não tem a ver com a deficiência.
Foto: Karim Kahn / Sesi

 

Segundo ela, o Chile está em processo de atualização de seu currículo, do ensino fundamental ao ensino médio. Essa atualização deve levar de 2 a 3 anos para ser implantada.

Atualmente, temos um currículo baseado em disciplinas com muitos objetivos de aprendizado. Na maioria das matérias, há objetivos de conhecimento, habilidades e de atitude”, relatou.

Em geral, diz ela, o foco são os objetivos de conhecimento ao invés dos objetivos de habilidades ou de atitudes. Isso está relacionado ao sistema de medição da qualidade da educação. Para a educadora, esta questão é estratégica para o sistema educacional chileno.

 

Como promover uma mudança de paradigma nos professores para que promovam a educação inclusiva em sala de aula?

 

A Universidad Diego Portales desenvolveu alguns projetos em parceria com o Ministério da Educação com este objetivo. Entre eles, o Planejamento Interdisciplinar e Diversificado, que tem como princípios fundamentais o currículo, que deve estar ao serviço da qualidade de vida dos alunos, e a colaboração entre os profissionais e com a família, essencial para a geração de um aprendizado relevante e pertinente.

Entendemos que a construção de conhecimentos complexos pressupõe interdisciplinaridade e sinergia curricular. A divisão das disciplinas tende a desintegrar os esforços pedagógicos e a reduzir o significado do que é ensinado”, concluiu Ramos.

 

Foto: Karim Kahn / Sesi

 

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