Para as educadoras Terezinha Rios, Branca Ponce e Thais Costa, o currículo precisa contribuir para a formação de cidadãos críticos
Por: Alex de Souza, comunicação Sesi-SP
17/09/202418:33- atualizado às 12:02 em 21/10/2024
Conceito amplo, a Justiça Curricular envolve construção histórico-social, disputas ideológicas, espaços de poder, escolhas culturais e exercício de identidades. Pode-se dizer também que se trata da construção de um currículo orientado pelos direitos e pelo bem coletivo.
No segundo dia (17/9) do II Congresso Internacional de Educação do Sesi-SP, a entidade trouxe para debater o tema “Justiça Curricular: por uma educação escolar comprometida com a justiça social” com o trio formado pelas professoras doutoras Terezinha Azerêdo Rios (USP), Branca Ponce (PUC-SP) e Thais Costa (PUC-SP), com mediação do professor Jerry Adriano Villanova Chacon, da Faculdade SESI de Educação.
“Justiça curricular não nasce do nada. Vem de um processo de debate que busca trazer ao currículo escolar um processo de humanização”, explicou Branca Ponce. Para ela, o esforço da comunidade escolar de buscar um currículo mais justo precisa passar pelo diálogo e pela construção coletiva.
Branca Ponce, afirma que é preciso construir identidades
democráticas e ter a justiça social como horizonte.
Foto: Karim Kahn / Sesi
Por muito tempo, segundo ela, o currículo era apenas um roteiro. Atualmente, é clara a necessidade de que a atividade pedagógica se oriente por um currículo mais bem elaborado. “Mas com qual o objetivo? Precisa construir identidades democráticas e ter a justiça social como horizonte”, respondeu Ponce.
Embora a aferição de resultados possa servir como um parâmetro para a validação de um bom currículo, de acordo com a educadora, o mais importante é saber que tipo de formação o aluno submetido ao currículo vai ter. “É uma pessoa crítica, que sabe articular um raciocínio e debater um tema? Que sabe apreciar uma boa literatura, a arte?”, indagou.
Thais Costa, comenta que o currículo precisa carregar uma essência utópica.
Foto: Karim Kahn / Sesi
E isso pode levar a outra pergunta: qual o conhecimento importa para a Justiça Curricular? No entendimento de Thais Costa, precisa ser um conhecimento que transforme as pessoas. “E que promova o reconhecimento às diferenças étnico-raciais, de gênero e sexualidade, que incentive a reflexão, contra preconceito e discriminação, um conhecimento pautado no diálogo com as diferentes linguagens e saberes”, pontuou.
Neste sentido, para que o aluno consiga transformar o mundo é necessário que, primeiramente, ele reconheça esse mundo como seu. “E eu não consigo representar o mundo como meu se o currículo não conversar com a minha realidade. O currículo precisa carregar uma essência utópica”, disse.
Terezinha Azerêdo Rios concorda e afirma ser a utopia um fio condutor para a educação.
Foto: Karim Kahn / Sesi
A educadora Terezinha Azerêdo Rios concorda e afirma ser a utopia um fio condutor para a educação. “Nós ainda não temos a escola nem o mundo que queremos, nem a vida que queremos. A utopia é o lugar do que é desejado e necessário, mas que será só uma quimera se não for possível”, filosofou.
“Quando falamos em justiça, primeiramente falamos de respeito, que com a justiça e a solidariedade são princípios éticos. Para nos tornarmos verdadeiramente humanos precisamos de formação, que vem pela educação, e essa organização vem por meio de um currículo”, concluiu.
Foto: Karim Kahn / Sesi
II Congresso Internacional de Educação Sesi-SP debate educação e futuro