O que está buscando?
Portal Educa    MEU SESI - Entrar

Implantação do Novo Ensino Médio: um currículo estruturado nos projetos de vida dos estudantes

 Por: Comunicação Institucional Sesi-SP
30/06/202311:52- atualizado às 13:49 em 30/06/2023

“A escola sendo berço das relações sociais deve se comportar como ambiente favorável ao desenvolvimento e às transformações que exercem um papel único e intencional na vida dos estudantes. É a partir dela que entendemos que sonhos podem ser gerados, que cenários podem ser transformados e que projetos saem da idealização para a realização. Caberá a escola favorecer momentos que ressignifiquem a vida escolar do estudante a partir de elementos curriculares que o façam desenvolver projetos de vida autorais, a ponto de compreenderem suas potencialidades, os desafios e as formulações éticas de sua atuação na sociedade.” Ivy Sandim

 

É nesta perspectiva que o livro “Implantação do Novo Ensino Médio: um currículo estruturado nos projetos de vida dos estudantes”, de Ivy Sandim, Gerente de Educação Básica do Sesi-SP, foi consolidado. Na proposição que mais lideranças educacionais reflitam sobre as responsabilidades morais, éticas e legais que uma educação transformadora pode oferecer e que, imersos nas discussões realizadas no livro, possam refletir junto a sua comunidade escolar e decidir por currículos que sejam mais integrados aos projetos de vida dos estudantes, apostando em uma escola que acolhe as juventudes e que opta por práticas educacionais mais dialógicas, democráticas e que incentivam o protagonismo juvenil.

As discussões presentes fazem parte de uma profunda pesquisa que se iniciou com as deliberações oficiais sobre a necessidade de implantação de um Novo Ensino Médio (NEM) que seja mais atrativo às juventudes. O Novo Ensino Médio também considera os últimos indicadores que mostram a alta taxa de evasão, o currículo fragmentado, descontextualizado das demandas contemporâneas, e a baixa proficiência estudantil em componentes curriculares como Língua Portuguesa e Matemática.  Temáticas relacionadas a garantia dos direitos de aprendizagem, bases legais e a construção por um currículo que respeite os projetos de vida estão no livro, que também valoriza o papel da coordenação pedagógica, enquanto base propulsora para mudanças curriculares, bem como a sua atuação direta na formação de professores.

A autora embasou seu estudo nos principais autores que pesquisam os projetos de vida na escola, além dos documentos oficiais que fundamentaram a implantação do Novo Ensino Médio em nível nacional. O estudo de campo foi realizado junto ao público dos coordenadores pedagógicos do Sesi São Paulo que atuam nesta etapa escolar e possibilitou a construção de uma proposta de intervenção formativa de acordo com os maiores desafios encontrados.

Dentre os respondentes, mais de 50% relatam que a escola já realizou encontros formativos para a implantação do Novo Ensino Médio. Porém, 14% disseram ainda não se sentir seguros para a atuação.

 A pesquisa também demonstra que a percepção da maioria dos coordenadores pedagógicos sobre a inclusão de ações curriculares ligadas aos projetos de vida está mais direcionada aos espaços dedicados ao diálogo com os alunos. Escutá-los sobre suas aspirações, predileções, interesses, dúvidas e questionamentos sobre o futuro.  Além disso, as respostas também demonstram uma preferência pela correlação dos conteúdos escolares com o desenvolvimento dos projetos de vida.

A autora considera que, numa propositura legal da inclusão indissociável do projeto de vida como eixo que perpassa o currículo do Ensino Médio, é considerado legítimo que espaços de diálogo sejam organizados junto aos estudantes. Entretanto, precisamos nos atentar para a conexão existente entre os estudos e suas especificidades com a busca pelo desenvolvimento do projeto de vida, o que sob ação docente poderá elevar as aspirações dos estudantes. Práticas de autoconhecimento, autoavaliação de suas dificuldades e potencialidades, perceber-se atuante na sociedade, o incentivo ao estudo e às diversas formas de aprender, discussões frente a atuação social e profissional da área de conhecimento desenvolvida, são ações que poderão trazer mais sentido ao estudante.

Em destaque está a valorização da instituição escola que, ciente de suas responsabilidades, não poderá apenas preocupar-se com o cumprimento de metas meramente acadêmicas. “Há de se considerar o desenvolvimento dos conteúdos científicos, mas principalmente em como transformá-los ou transpô-los em competências que vão ao encontro da construção do sujeito no tempo presente e nos desafios da vida cotidiana”, diz Ivy Sandim

Imagem de divulgação - Ayrton Vignola

Outra reflexão importante é sobre a necessidade de ajustes curriculares que fundamentem a formação integral do indivíduo. Metodologias mais ativas de ensino e que projetem os estudantes ao protagonismo de suas aprendizagens podem significar uma grande referência para a transformação que tanto se espera para o Ensino Médio. Nesta atitude pedagógica, os estudantes podem ser estimulados a refletirem sobre suas responsabilidades, sobre o desenvolvimento de competências que os fazem apostar em métodos científicos para a formulação de seus posicionamentos, assim como na adequação de condutas e comportamentos mais altruístas quanto às diversas relações existentes e às possibilidades de intervenção e apropriação da sociedade, fruto de currículos que consideram o coletivo para a construção dos projetos de vida.

Para tanto, e com tantos desafios para a implantação, fatores como o respeito a diversidade, a sustentabilidade financeira e a formação continuada de profissionais da educação não podem ser esquecidos, já que são pilares para uma implantação mais segura e onde todos se sintam pertencentes e corresponsáveis pela transformação.

Parafraseando um dos principais percursores para o conceito de Projeto de Vida, William Damon, a autora reflete sobre a necessidade de a escola gerar estruturas que ultrapassem o momento da escolha profissional no Ensino Médio. Há necessidade de se considerar a história, o sentido de vida de cada sujeito, numa constante ressignificação das experiências sociais e de autoconhecimento.

Numa breve sintetização, as pesquisas demonstram que um currículo que julgue como eixo central os projetos de vida dos estudantes precisa enraizar-se em aspectos como a contextualização, a criação e a composição de espaços curriculares que estimulem as descobertas, os diálogos, as construções e as ressignificações individuais e coletivas. Segundo Ivy, só assim, as juventudes se sentirão sujeitos de sua história, num profundo resgate de identidade, pertencimento social e seguros para escolherem seus caminhos, projetando metas individuais em prol de um bem coletivo.

A ideia é que as discussões trazidas pelo livro possam despertar novos estudos e pesquisas em busca de um currículo integrado aos projetos de vida, respeitando os princípios legais de uma educação que amplie as possibilidades para o desenvolvimento do estudante como sujeito histórico e que de forma significativa, contextualizada e autoral conecta-se ao mundo pelas relações desenvolvidas também no currículo escolar.


Imagem de divulgação

 

Leia também