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Especialistas da Rede Escolar SESI-SP analisam o 1º dia de prova

Os estudantes responderam questões de Ciências Humanas e Linguagens, além da redação, cujo tema foi “Os desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.

Os estudantes responderam questões de Ciências Humanas e Linguagens, além da redação, cujo tema foi “Os desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.

 Por: Gerência Executiva de Educação SESI-SP
04/11/202418:02- atualizado às 18:02 em 04/11/2024

No último domingo, 03/11, mais de 3 milhões de estudantes de todo o país (73,4% do total de inscritos) realizaram as provas de primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2024. Neste primeiro dia do exame, os estudantes responderam questões de Ciências Humanas e Linguagens, além da redação, cujo tema foi “Os desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.  O primeiro dia do exame foi marcado por textos longos e temáticas bastante contemporâneas, muito ligadas a questões sociais, identitárias e ambientais, muito pertinentes aos desafios da sociedade atual.

 


Imagem divulgação

 

Ciências Humanas 

As questões de Ciências Humanas, semelhantes às do ano passado, privilegiaram textos escritos, com menor variedade de fontes. Tal característica exigiu dos estudantes uma leitura atenta dos itens, relacionando os textos aos contextos e temas que estavam sendo abordados. O grande destaque da prova de Ciências Humanas foi a temática social, que predominou entre as questões do exame: temas como as culturas e lutas indígenas, quilombolas, movimento negro e feminino tiveram forte presença nas questões. Além desses, temas como preconceito, cultura popular e imaterial, violação dos direitos humanos, questões climáticas, ambientais e de desenvolvimento sustentável, a prova ganhou contornos de temáticas sociais e ligados a problemas bastante presentes no contexto em que estamos inseridos. Associada às questões sociais está a proposta de redação deste ano, mostrando mais uma vez as contribuições das Ciências Humanas para o desenvolvimento dos temas propostos na redação. 

Considerando essas características, a prova de Ciências Humanas exigiu dos estudantes uma leitura atenta dos textos apresentados, associada a uma análise aguçada da realidade e das temáticas apresentadas, bastante relacionadas ao contexto e às demandas da nossa sociedade. As discussões feitas nos Tópicos Avançados, dialogando com nosso material didático, proporcionaram repertório aos nossos estudantes, dando-lhes elementos capazes de auxiliá-los na resolução das questões. 

Essa característica contemporânea da prova, com ênfase nos temas sociais, foi associada a temas bastante conhecidos da área, como Idade Média, Espaço, Indústria Cultural, Iluminismo e Trabalho. Foi sentida a ausência de questões com temas referentes à ditadura militar brasileira: tema recorrente que acabou ficando fora desse exame. A temática da ditadura ficou por conta do movimento das Mães da Praça de Maio, durante a ditadura argentina. 

Outro aspecto que chamou a atenção nesta prova foi o grau de complexidade das questões de Filosofia: foi uma prova bastante técnica, exigindo domínio específico de conceitos, sobretudo da filosofia contemporânea. Essas questões destoaram um pouco do grau de dificuldade do restante da prova, que apresentou um grau médio de dificuldade. 

 

Linguagens 

A prova de linguagens do ENEM 2024 trouxe, com bastante destaque, um olhar para as questões de variação linguística, preconceito linguístico e valorização das línguas indígenas. Essa discussão se materializou na prova por meio de textos que falavam, por exemplo, da rejeição sofrida por filhos de imigrantes ao usar a língua inglesa com o sotaque espanhol, do papel da linguagem coloquial e formal na literatura, da valorização de variedades dialetais presentes em diferentes regiões do Brasil etc. Essa preocupação com a compreensão de conceitos relacionados com a variação e mudança linguística, bem como a compreensão de sua relevância, como forma de combater o preconceito linguístico é algo bastante presente no material didático Movimento do Aprender em toda a Educação Básica. 

São utilizados trechos literários de autores cuja presença é tradicional em vestibulares, como Machado de Assis, Vinicius de Moraes, Graciliano Ramos e José de Alencar. Junto a eles, são trazidos textos que têm sido recuperados e/ou valorizados mais recentemente como os produzidos por Júlia Lopes de Almeida, Racionais MCs ou mesmo um texto anônimo do início da colonização espanhola nas Américas. A presença de uma variedade de textos e referências, para além dos cânones tradicionais, é constante no currículo do SESI-SP e se materializa na diversidade de autores apresentados no material didático. 

Outros temas frequentemente abordados no ENEM, como funções da linguagem, linguagem figurada e vanguardas europeias também estiveram presentes. Quando questões mais técnicas relacionadas a língua foram propostas (uso de recursos coesivos, construção da argumentação etc.) isso foi feito de maneira bastante contextualizada e focava nesses recursos como forma de produzir sentido. 

Os esportes também apareceram em diversas questões. Paraolimpíadas, esportes e gênero, bem como novos esportes olímpicos são temas abordados a partir de uma perspectiva que relaciona as práticas corporais com a cultura e sociedade. Essa é uma abordagem já bastante consolidada no SESI que adota uma proposta baseada no currículo cultural para o ensino de Educação Física. 

Os temas relacionados à cultura e história indígena e afro-brasileira estiveram presentes de forma bastante marcante em toda a prova. As questões de arte, por exemplo, além de tratar dos suportes, vanguardas europeias e influências da arte moderna, requerem dos alunos conhecimentos sobre os contextos de produção e papel da arte nas comunidades acima mencionadas. 

Chama a atenção, ainda, a ausência de charges e tirinhas, comuns em provas de linguagens. Houve uma redução, em comparação com provas anteriores, do uso de textos não verbais ou multimodais. 

O tema da redação traz à tona uma questão ainda pouco resolvida no cenário educacional brasileiro. Apesar de o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira ser prevista por lei há mais de 20 anos, o tema tem sido trabalhado superficialmente ou não trabalhado em muitas redes públicas e privadas. O cumprimento da legislação, bem como a preocupação com a formação de cidadãos críticos, têm sido muito presentes na construção do currículo, de materiais didáticos e ações pedagógicas no SESI-SP. Essa é uma preocupação que existe para além dos componentes de linguagens e tem possibilitado aos estudantes momentos de reflexão e discussão constantes.

 

Especialistas SESI-SP:

  • Evandro da Silva Marques / Analista Técnico Educacional - Linguagens
     
  • Marcel Alves Martins / Analista Técnico Educacional – Ciências Humanas 

 

 
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