Por: Raisa Scandovieri
03/02/202116:48- atualizado às 20:26 em 03/02/2021
Mostra traz três obras do acervo da Galeria de Arte Digital do Centro Cultural Fiesp em que a repetição e a simetria de formas criam algo novo.
As obras podem ser vistas todos os dias, até 31 de março, na fachada do prédio do Centro Cultural Fiesp. Saiba mais sobre elas:
Figura 1 e figura 1 espelhada alternadas, da artista Cristina Suzuki
Em sua série Imprinting, Cristina Suzuki explora os diferentes desenhos que pode criar a partir das iterações matemáticas de uma única matriz, a chamada Figura 1. Em cada obra da série, o título descreve o processo que, repetido à exaustão, cobre toda a área do suporte escolhido. Originalmente produzida com a utilização de um carimbo sobre suportes físicos, como papéis ou paredes, a série se adapta perfeitamente aos meios digitais. Assim, a artista já ocupou virtualmente diversos centros culturais e cartões postais de todo o mundo. Figura 1 e Figura 1 espelhada alternadas traz o processo para visualização pública na Galeria de Arte Digital. Ao observar como a animação constrói a padronagem a partir da regra-título, o espectador pode utilizar a própria imaginação para extrapolar os limites da imagem, expandindo-a ao infinito.
Fakescapes, da artista Giovanna Graziosi Casimiro
Em sua série Fakescapes, Giovanna Graziosi Casimiro explora a arquitetura de São Paulo utilizando ferramentas digitais na construção de imagens que discutem a convergência entre o território físico e o informacional. Trata-se de uma reflexão poética sobre as paisagens digitais urbanas, produzidas e expostas virtualmente, que conversam com os espaços físicos da cidade. Como parte da pesquisa, Giovanna experimenta a postagem destas imagens em redes sociais (Instagram / @fakescapes) desde 2017, associando-as à lugares fictícios e brincando com a veracidade das informações online, em uma espécie de estudo do comportamento dos usuários. Discutindo a obsessão pelo registro e as postagens geolocalizadas em tempo real, suas ações associam imagens à lugares falsos, afirmando paisagens impossíveis não apenas pelas suas distorções visuais, mas pelo modo como são significadas na rede.
A obra é construída a partir de registros fotográficos urbanos com uma estética própria pertinente à série Fakescapes. A animação exposta na Galeria de Arte Digital é um fragmento do projeto artístico, apresentando uma compilação desta série e reexpondo as “arquiteturas impossíveis” sobre a superfícies da cidade propriamente dita.
Epifanias da Repetição, do artista Wayner Tristão Gonçalves
O tédio proposto pela repetição ativa uma disposição ao transe, à criação, ao deixar se levar entre um pensamento e outro. Danças e rituais cumprem esse papel, fundamental numa sociedade voltada ao instante e à aceleração proporcionada por inúmeros estímulos.
Epifanias da Repetição contrapõe sentimentos sublimes de caráter místico ou artístico através de rotações corpóreas em êxtase, à sua reprodução em GIF, investigando a resistência do caráter transcendental do ritual. Foram selecionadas diversas representações de transes, alguns espirituais, outros culturais, atingidos por danças típicas que exaltam o giro como forma de êxtase. No caso destes GIFs, a rotação foi o elemento de clímax, que se limita a este instante eterno.