Leandro Karnal discute centralidade da atividade pedagógica no I Congresso Internacional de Educação Sesi-SP e diz que a educação não precisa ser ‘azeda’
Por: Alex Souza, comunicação Sesi-SP
18/09/202319:01- atualizado às 09:34 em 16/10/2023
Considerado um dos principais pensadores do Brasil na atualidade, o professor e historiador Leandro Karnal participou do I Congresso Internacional de Educação Sesi-SP na segunda-feira (18/9), evento que reuniu diversos especialistas em torno do tema Oportunidades na Educação Contemporânea.
Ao expressar sua preocupação com o papel do professor moderno, que no seu entendimento precisa ser hábil na tradução do mundo real para os alunos, Karnal disse que os métodos não podem ser os mesmos de séculos atrás.
“Hoje não existe mais aquela escola disciplinadora, o modelo prussiano do Século XIX que marcou quase toda a educação ocidental. E nem mais o modelo francês, no qual deveríamos dar todo o conteúdo. A sala de aula deve ser um lugar de reflexão”, ponderou.
O pensador lembrou que, embora a taxa de alfabetização tenha crescido na última década, a redução do número de analfabetos funcionais não seguiu o mesmo ritmo. Ou seja, a educação formal não se transformou em benefício prático para tais alunos.
“E vemos pessoas incapazes de compreender um bilhete, interpretar uma frase simples com sujeito e predicado, alunos com dificuldade de lidar com a matemática básica”, exemplificou o professor. “Se você faz sua turma ler por 5 minutos, isso é um grande avanço”.
Antes do aluno, porém, é o professor que precisa ser um estudante, de acordo com Karnal. Para ele, os docentes não podem usar as mesmas teorias do início da carreira, passados 20 ou 25 anos. “Se você tem uma graduação, é pouco. É necessário fazer uma segunda ou uma pós-graduação”.
Em tempos de Inteligência Artificial na educação, por vezes a tecnologia é apontada como uma vilã. Mas não para Karnal. Ele defende a criatividade como saída para lidar com os novos recursos e que o professor atento a isso conseguirá obter mais sucesso em seus esforços educativos.
“Disciplina não é todo mundo sentado, mas ter foco em tarefas disciplinadoras. O mundo quer pessoas criativas, protagonistas, não apenas quem segue ordens. Isso se dá no mercado de trabalho. E o aluno precisa ser surpreendido por um professor que tenha criatividade”, observou o educador.
Para ele, os professores precisam aprimorar a atividade docente e propor melhorias. Se não o fizerem, advertiu, as respostas serão dadas por burocratas que não entendem de educação. “E se você não ocupar esse espaço, ele será preenchido por outros. Se você não educar o aluno, ele será educado pelos colegas ou pelo TikTok”, alertou. “Escola não é um show de stand up, mas não precisa ser azeda”.
Datas: 18 e 19 de setembro de 2023
Mais informações em https://congressosesisp.com.br
Programação detalhada em https://congressosesisp.com.br/programacao
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