Juventudes AntiMisoginia promove igualdade de gênero e formação cidadã dentro e fora das unidades escolares
Por: Elaine Casimiro, comunicação Sesi-SP
13/03/202517:02- atualizado às 11:24 em 14/03/2025
No último dia 11 de março, o SESI-SP deu um passo histórico ao lançar o programa Juventudes AntiMisoginia, uma iniciativa inovadora voltada ao combate à discriminação contra as mulheres e à promoção da igualdade de gênero. O projeto busca engajar toda a comunidade escolar em uma mudança cultural profunda, proporcionando espaços de discussão, conscientização e formação cidadã.
O evento de lançamento reuniu 450 participantes, entre eles 374 estudantes, 137 professores de diversas unidades da rede SESI-SP e diretores da FIESP. Com a criação de comitês escolares, a proposta do programa é oferecer campanhas educativas, palestras e oficinas que desconstroem estereótipos e fortalecem valores essenciais, como o respeito e a ética nas relações interpessoais.
A supervisora técnica educacional do SESI-SP, Daniela Andriollo, ressaltou o caráter inovador do programa: “O Juventudes AntiMisoginia é um marco para o SESI-SP, pois promove uma educação integral que vai além do conhecimento acadêmico. Nosso foco é fortalecer a dimensão afetiva e social dos jovens, preparando-os para uma sociedade mais justa e igualitária”.
Fotos: Karim kahn/Sesi-sp
O programa prevê a participação ativa de estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Cada turma contará com três representantes, sendo duas meninas e um menino apoiador, totalizando 3.111 estudantes envolvidos.
A especialista em psicologia educacional Leticia Luz Azevedo Cruz destacou a adesão das escolas: “As unidades estão entusiasmadas com o programa e comprometidas em garantir sua execução. Gestores, professores e estudantes estão mobilizados para que essa iniciativa traga resultados concretos”.
O superintendente do SESI-SP, Alexandre Pflug, enfatizou a originalidade do projeto: “Pesquisamos em diversas partes do mundo e não encontramos nada semelhante. O SESI-SP mais uma vez assume um papel de protagonismo ao desenvolver uma iniciativa inovadora e necessária”.
O presidente da Fiesp e do SESI-SP, Josué Gomes da Silva, reforçou a importância da educação no enfrentamento da misoginia: “O problema da violência contra a mulher existe, e as estatísticas são chocantes. A solução passa pela educação, pelo reconhecimento e pelo engajamento de todos. Com esse programa, o SESI dá um passo fundamental na construção de um futuro mais igualitário”.
Fotos: Karim kahn/Sesi-sp
A palestra inaugural, com a promotora de Justiça Vanessa Therezinha de Almeida e a juíza Aminni Haddad, trouxe dados alarmantes sobre a violência contra as mulheres. Vanessa apresentou pesquisas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revelando que 37,5% das brasileiras acima de 16 anos sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses, o maior índice já registrado. Cerca de 31% sofreram insulto, humilhação ou xingamentos. E 3,9% das mulheres, ou seja, 1,5 milhão relataram divulgação não consentida de fatos ou vídeos íntimos, fenômeno diretamente associada à punição simbólica mencionada na pesquisa sobre misoginia online.
“Infelizmente houve de novo um crescimento alarmante de todas as formas de violência contra as mulheres e apenas 25% das mulheres procuram ajuda dos órgãos oficiais”, diz Vanessa Therezinha de Almeida. “A maioria procura ajuda da família, dos amigos, da igreja. Isso mostra que é necessário ter aliados no enfrentamento, não só para reconhecer a violência, mas para que esse primeiro contato, essa primeira pessoa com quem a vítima fale, seja alguém que não cria obstáculos para proteção, não revitimize, não vulnerabilize e não culpe a mulher pela violência”, afirmou.
A juíza Aminni destacou ainda que a misoginia é um fenômeno histórico e estrutural que precisa ser combatido com educação e engajamento social. “Estamos aqui para reescrever essa história e dar voz às mulheres que foram silenciadas ao longo dos séculos”, afirmou.
No bate-papo “Protagonismo das Juventudes Contra a Misoginia”, Mariana Braga, Oficial de Programas de Educação na UNESCO Brasil, e Flávia de Moura Muniz, Especialista em Empoderamento Econômico das Mulheres na ONU Mulheres, ressaltaram a importância da educação midiática e do empoderamento digital. Mariana alertou que apenas 15% dos brasileiros não possuem preconceitos contra mulheres e meninas, reforçando a necessidade de mudança cultural. “Os jovens precisam desenvolver pensamento crítico e reconhecer discursos misóginos disfarçados de opinião”, afirmou.
Flávia destacou que a violência digital contra mulheres tem crescido e que é essencial criar espaços seguros nas escolas e na internet. “A desinformação e o discurso de ódio nas redes sociais têm impactado diretamente a vida de meninas e mulheres. Precisamos educar para o respeito e incentivar o protagonismo juvenil na transformação desse cenário”, pontuou.
O evento também contou com a participação do Coletivo Feminista da Escola SESI de Regente Feijó, cuja experiência inspirou a criação do programa Juventudes AntiMisoginia. A aluna Lívia Furtunato compartilhou seu relato emocionante: “Aprendi que não devemos normalizar situações machistas. Precisamos falar, lutar e promover a mudança”.
Fotos: Karim kahn/Sesi-sp
Marta Lívia Suplicy, presidente do Conselho Superior Feminino da Fiesp, destacou que o programa é um grande presente para a sociedade: “O Juventudes AntiMisoginia não fala apenas de empoderamento, mas de capacitação e formação. Aqui, jovens estão aprendendo que não estão sozinhos nessa luta”.
A gerente executiva de Cultura do SESI-SP, Débora Viana, finalizou o evento reforçando que este é apenas o começo de uma jornada transformadora: “O SESI está saindo à frente ao abrir espaço para essa discussão. O programa irá crescer, trazendo novos treinamentos, materiais de apoio e suporte para que a luta contra a misoginia se torne parte do dia a dia das escolas”.
Com essa iniciativa pioneira, o SESI-SP reafirma seu compromisso com a educação integral e com a construção de um futuro mais igualitário para todos.
Por fim, a cantora Bruna Black trouxe sua arte como uma poderosa ferramenta de resistência e reflexão. Com sua apresentação emocionante, destacou a importância da representatividade e da cultura no fortalecimento da luta contra a misoginia. “A música tem um papel essencial na transformação social. Precisamos ocupar espaços e espalhar mensagens de empoderamento”, afirmou.
Fotos: Karim kahn/Sesi-sp