Em Santa Gertrudes, escola da rede municipal, colhe os frutos do Programa Emergencial de Educação Pós-Pandemia do Sesi-SP com ações de inclusão
Por: Juliana Souza
19/12/202212:42- atualizado às 12:45 em 19/12/2022
Os alunos do 3º ano da escola municipal Cecy Aparecida Rocha de Aguiar, localizada em Santa Gertrudes, interior de São Paulo, trabalharam a Semana das Deficiências Múltiplas com foco na educação, atenção, empatia e percepção atenta para o outro. De maneira integrada, questões de formação cidadã, conteúdos pedagógicos e atividades práticas possibilitaram uma rica experimentação no processo de ensino e aprendizagem dos alunos para a pauta inclusão.
Alunos e equipe pedagógica da escola municipal Cecy Aparecida Rocha de Aguiar
A singular atividade, conduzida pela professora Damaris Pires, que leciona para o 3º ano do ensino fundamental, e que integrou a semana temática, surgiu por meio de uma inspiração ao consultar o material de reforço na Alfabetização – Língua Portuguesa, elaborado pelo Sesi-SP.
De acordo com a professora, o programa “é uma proposta que envolve não somente conteúdo para recuperação, mas questões relacionadas à cidadania, preconceito, entender o outro na sociedade. O programa do Sesi-SP é uma novidade para os nossos alunos, eles ficam muito empolgados com o material e ideias apresentadas”.
Ao preparar o conteúdo programático de Língua Portuguesa, acerca do tema Biografia, a professora Damaris consultou os documentos do Sesi, e se aprofundou na história de Dorina Nowill, educadora e ativista da educação, que aos 17 anos perdeu a visão. Sua trajetória foi dedicada à inclusão de pessoas com deficiência visual no Brasil e no mundo, e a seu legado, a Fundação Dorina Nowill para cegos.
Pautada na ação de sensibilização em decorrência da Semana das Deficiências Múltiplas e na construção individual e coletiva de biografias, a professora convidou a aluna do 9º ano do ensino fundamental, da escola Cecy Aguiar, Tamires Pagane deficiente visual total, para conduzir uma leitura seguida de uma roda de conversa. Na ação, os alunos e equipe pedagógica receberam uma fita e todos foram vendados. Neste momento, o sentido da visão foi interrompido e todos foram convidados a exercer somente a escuta.
Tamires fez a leitura em braile do seu livro preferido – A árvore generosa, de Shel Silverstein. Escrito em 1964, o clássico marcou gerações com a história de uma árvore e um menino.
Tamires realiza a leitura em braile da obra A árvore generosa de Shel Silverstein.
No segundo momento da dinâmica, a aluna compartilhou sua autobiografia, detalhou os problemas de saúde que acarretaram a perda da visão, compartilhou seus hobbys, sonhos e declarou seu amor pelos livros. “A partir do momento em que eu aprendi o alfabeto, as sílabas, e melhorei minha coordenação motora, iniciou o meu amor pela leitura. Desde pequena gosto de romance, o que me encanta são as palavras escritas. Escolhi ler a obra, A árvore generosa, pois na história a árvore ama o menino e eu amo a vida! Hoje foi um dia muito especial, que eu não irei esquecer, pude compartilhar minha experiência, li para os meus colegas e contei minha história. Foi um momento único!”
Aluna Tamires e professora Damaris Pires ao final da atividade
Na sequência, a turma realizou diversas perguntas à Tamires, momento que estimulou as capacidades dominantes dos alunos em argumentar, relatar, expor, instruir e informar.
Para a coordenadora pedagógica Márcia Vicentini, o Recompondo Saberes tem agregado significativamente no processo de alfabetização e nas aulas de Língua Portuguesa e Matemática. “O conteúdo fornece subsídios para a condução dos professores, como o material Sesi-SP é construído com base na BNCC (Base Nacional Comum Curricular) há uma culminância de assuntos. Os alunos se sentem muito à vontade com o material do Sesi”, conclui.
Santa Gertrudes é um dos mais de 320 municípios de todo o estado que aderiram ao programa Recompondo Saberes, iniciado em agosto de 2022. Com foco na recuperação do aprendizado da Língua Portuguesa e Matemática, em decorrência do Pós-Pandemia, é dividido em duas frentes: do 1º ao 5º ano, para consolidação da alfabetização; e 6º ao 9º ano com foco na elevação dos índices de proficiência.
O programa gratuito aos municípios apresenta uma metodologia flexível, que se harmoniza às diferentes realidades de ensino, possibilitando personalizações e/ou diversificações.
As unidades escolares que são atendidas pelo Programa Emergencial de Educação Pós-Pandemia do Sesi-SP recebem o acompanhamento de Analistas Técnicos Educacionais – ATE, que promovem toda a assessoria pedagógica na condução dos professores das redes municipais de forma presencial e remota, auxiliando na implementação do projeto com os alunos.
A Analista Técnica Educacional do Sesi, Franceli Evangelista, atende as escolas da região de Santa Gertrudes e, de acordo com a especialista, um dos grandes pilares do projeto é sua adaptabilidade. “A forma como o conteúdo é implementando ocorre via conexão, de maneira adaptativa e simples. Por meio do atendimento in loco há o olhar direcionado a cada realidade educacional, de maneira conjunta e, por meio das trocas, é elaborado a didática assertiva focada no desenvolvimento dos alunos.”, declara.
Para 2023, novas parcerias serão realizadas, com capacidade para atender à totalidade dos 645 municípios paulistas.