Especialista em neurociência e psicologia cognitiva, Héctor abre o congresso com reflexões e estratégias para tornar o ensino mais eficaz e duradouro
Por: Elaine Casimiro, comunicação Sesi-SP
15/09/202519:21- atualizado às 10:33 em 26/09/2025
Fotos: Karim kahn/Sesi-sp , ayrton vignola/Fiesp-sp e everton amaro/Fiesp-sp
O III Congresso Internacional de Educação, promovido pelo Sesi-SP e pela Faculdade Sesi de Educação, começou nesta segunda-feira (15/09), em São Paulo, reunindo professores, pesquisadores, estudantes e profissionais da área para debater os rumos da educação em um mundo em constante transformação.
Com o tema “Conexões e Conhecimento Integrados: Educação em um Mundo em Movimento”, o encontro se estende até amanhã (16/09) e conta com conferências, mesas-redondas, rodas de conversa, sessões temáticas e apresentações de trabalhos que estimulam a troca de experiências, reflexões e aprendizados.

A abertura oficial foi conduzida por Luis Paulo Martins, diretor da Faculdade Sesi de Educação e gerente de Ensino Superior do Sesi-SP. Ele destacou a importância do encontro como um marco da trajetória da instituição, que em 2025 completa dez anos investindo na formação de professores.
“Hoje estamos fazendo uma celebração que revela todo o trabalho que temos feito na Faculdade Sesi de Educação, que esse ano completa 10 anos de reconhecimento, de trabalho incessante para a formação de professores. Quando falamos do debate de conexões, conhecimentos de forma integrada, nós estamos falando do que a faculdade faz e da essência da nossa formação de professores”, afirmou.
O diretor também ressaltou os avanços conquistados pela faculdade e os projetos em andamento. “Formamos professores tanto na formação inicial como na formação continuada. E, neste ano de festa, temos o prazer de comemorar com um programa inédito em parceria com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, o programa de pós-graduação em educação Matemática², que já impacta semanalmente mais de 1.500 professores da rede pública. Mais do que oferecer aulas, estamos transformando práticas pedagógicas e proporcionando aos alunos da educação básica um novo contato com a matemática”, destacou.
Martins ainda anunciou a criação de novos cursos de graduação e o lançamento de dois livros que traduzem a experiência acadêmica e prática da instituição. "Licenciatura por área de conhecimento: inovação na formação de professores e Residência educacional: experiências multidisciplinares. São publicações que refletem a essência da nossa atuação e a prática da escola como espaço formativo”, explicou.
Luis ainda anuncia mais novidades: “Estamos iniciando a primeira turma de Educação Física e lançando também o sexto curso oferecido pela Faculdade, de Pedagogia, previsto para 2026. Com isso, completamos o ciclo da formação para toda a educação básica."
Ele encerrou sua participação valorizando o papel da indústria e o propósito que move a Faculdade Sesi. “A casa da Indústria tem nos incentivado e fomentado cada vez mais debates como esse. Que possamos, ao longo desses dois dias, aproveitar cada momento e nos fortalecer naquilo em que acreditamos e naquilo que somos imbuídos de fazer: transformar a vida das nossas crianças e jovens”, finalizou.
A primeira conferência do congresso contou com o especialista em psicologia cognitiva e neurociência aplicadas à educação, Héctor Ruiz Martín, diretor da International Science Teaching Foundation. Reconhecido internacionalmente por sua atuação na integração de avanços científicos e tecnológicos ao ensino, especialmente nas áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática).

Ruiz integra o Grupo de Investigación en Ciencias del Aprendizaje y la Enseñanza da Universidade Autônoma de Madrid, desenvolvendo pesquisas sobre aprendizagem, motivação e uso de tecnologias educacionais, sempre com foco na inovação e na qualidade da educação básica em diferentes países, incluindo o Brasil.
Com o tema “Criando conexões: o que nos diz a ciência sobre como aprendemos”, Héctor abriu sua fala explicando que seu objetivo era apresentar ideias fundamentais sobre como funciona a aprendizagem e de que forma esse entendimento pode auxiliar tanto estudantes quanto professores. “Se entendemos que ensinar é ajudar a aprender, conhecer os mecanismos do aprendizado nos dá mais condições de contribuir com sua evolução”, afirmou.
O pesquisador ressaltou que, quando os alunos assumem um papel mais autônomo, tomam decisões de estudo baseados em crenças sobre memória e aprendizagem, muitas vezes equivocadas.
“Nossa memória não funciona como uma câmera de vídeo, capaz de guardar tudo o que vivenciamos. Pelo contrário, assim que aprendemos algo, começamos a esquecer. Aprender é, em muitos aspectos, lutar contra o esquecimento. A boa notícia é que, embora não possamos evitar esse processo, podemos suavizar a curva do esquecimento e tornar o aprendizado mais duradouro e funcional”, explicou.


Segundo Ruiz Martín, a memória humana não deve ser entendida como um depósito de dados, mas como uma rede de conexões semânticas, em que as ideias se relacionam entre si e ganham significado.
“Se duas pessoas possuírem os mesmos dados, mas conexões diferentes, terão memórias completamente distintas. São essas conexões que criam conceitos, significados e permitem transferir o que aprendemos para novas situações”, destacou.
Ele reforçou que aprendemos a partir daquilo que já sabemos, ativando conhecimentos prévios que se conectam a novas experiências. Ao contrário dos computadores, que armazenam arquivos repetidos, a memória humana reutiliza e reorganiza informações já existentes.
“A nossa memória é excelente em conservar ideias e significados, mas não os detalhes exatos. Quando recordamos, reconstruímos as informações com base no que já sabemos, e isso nos permite criar novas conexões”, explicou.
Para exemplificar, comparou o aprendizado a um sistema de pontes e nós: quanto mais conexões um conceito estabelece, mais sólido e duradouro ele se torna. A partir desse princípio, apresentou cinco estratégias eficazes para potencializar o aprendizado: mobilizar, elaborar, evocar/recordar, espaçar e confiar.
Ruiz Martín concluiu reforçando que bons resultados acadêmicos não nascem apenas do interesse, mas principalmente da confiança que cada estudante tem em sua própria capacidade de aprender. “Ajudar os alunos a utilizarem boas estratégias melhora seus resultados, fortalece a autoconfiança e coloca em movimento esse ciclo virtuoso que os torna mais motivados, autônomos e preparados para liderar seu próprio processo de aprendizagem”, finalizou.
Além das conferências e mesas temáticas, o Congresso também apresenta projetos e iniciativas que reforçam o protagonismo de professores e estudantes:
Com uma programação intensa e diversidade de vozes, o III Congresso Internacional de Educação reafirma o papel do Sesi-SP como referência em inovação pedagógica e formação de professores, conectando ciência, prática e compromisso social para transformar a educação brasileira.





