O longevo grupo (1989) tem em sua formação Helen Helene e Pedro Paulo Bogossian - ambos assinam texto e direção geral - além de Rosi Campos. O espetáculo é uma comédia musical de variedades livremente inspirada em fatos, personagens e canções do movimento musical carioca. Rachel Ripani e Luciano Schwab integram o elenco, que conta com 18 artistas.
Por: Klelvien Arcenio, comunicação Sesi-SP
27/09/202317:31- atualizado às 10:47 em 18/12/2023
Depois de um hiato de quinze anos, o grupo paulistano Circo Graffiti estreia Bossa Nova Cabaret Bar, uma comédia de variedades com números musicais que trazem histórias livremente inspiradas em personagens, fatos e canções da Bossa Nova. A estreia acontece no dia 12 de outubro de 2023, no Teatro do Sesi-SP, no Centro Cultural Fiesp e a temporada segue até fevereiro de 2024. Os ingressos são gratuitos.
No elenco estão Rosi Campos, Helen Helene, Rachel Ripani, Luciano Schwab, Conrado Caputo, Danilo Martho, Diego Gazin, Efraim Ribeiro, Flávia Teixeira, João Pedro Attuy, Larissa Garcia, Naiara de Castro e Paloma Rodrigues. A ideia é misturar gerações de atores, com suas diferentes características e experiências para falar de amor e de música.
O texto e a direção geral são de dois fundadores do Circo Graffiti, Helen Helene e Pedro Paulo Bogossian, que criaram um espetáculo de quadros que se passa em um bar com cenas inspiradas em canções do período inicial da Bossa Nova – principalmente entre o final de 1958 e 1963 – justamente os anos que marcam os primeiros álbuns de João Gilberto. Cada cena traz um elemento teatral, circense ou de cabaré, misturando a linguagem sofisticada da bossa nova com o escracho, a poesia, as cores e a alegria do carnaval, se comunicando com públicos de diferentes idades e situações de vida.
Como é característico no trabalho do grupo, Bossa Nova Cabaret Bar traz o estilo de décadas de atuação do Circo Graffiti: ênfase na comédia musical, o texto inédito, e muita música com arranjos inéditos. No caso do novo espetáculo, foi criada uma carnavalização da Bossa Nova sob o filtro do humor e do lirismo.
Bossa Nova Cabaret Bar é uma comédia musical cujo tema central, é claro, é a Bossa Nova. A ação acontece no fictício espaço do “Copacabana Cabaret Bar”, em cenário criado por Attilio Martiñs, onde uma trupe de comediantes, atores e cantores faz um show sobre a Bossa Nova. Em cena, a banda formada por piano (Pedro Paulo Bogossian), Contrabaixo (Giullia Assmann), Bateria (Rodrigo Mardegan), Percussão (Jesum Biasin), Sax e Flauta (Ana Eliza Colomar) compõem este cenário, que traz ainda referências dos bares que revelaram muitos dos músicos da Bossa Nova como uma paisagem básica do bairro carioca de Ipanema.
Cenário e figurino, assim como o texto, não buscam ser um documentário da época, mas trazer referências que fazem o espectador identificar o movimento. Por se tratar de uma comédia de quadros, cada um deles muitas vezes têm a sua estética, às vezes um pouco circense, um pouco clownesca, que também fazem parte da linguagem do grupo. É uma mistura desses elementos todos - a atmosfera de cabaret dos anos 1930, a música dos anos 1960, o trabalho do clown, e do teatro de revista.
“Nosso maior objetivo é o entretenimento do público através desse formato particular que é a marca registrada dos nossos espetáculos”, adianta Helen Helene. São vários episódios encadeados como uma revista musical e inspirados em shows de cabaré europeu e no teatro brasileiro. As músicas e os fatos desta época compõem o tema de cada cena formando o arco dramático. “A gente ri, se emociona e compartilha com prazer cada momento dessa viagem que é a cara do Brasil”, conta.
O que serviu de norte para a pesquisa musical foi o período áureo da Bossa Nova - entre 1958 e 1963. Essas canções geraram cenas, serviram de apoio de cenas que foram criadas independentemente da música. “De certo modo o nosso trabalho entende que a nossa comédia é gerada por alguns princípios que são o deslocamento, muitas vezes de época, de lugar. Então as canções vão receber um tratamento carnavalizado para compor essa nossa comédia”, conta Pedro Paulo Bogossian, diretor musical do espetáculo. Nenhuma canção aparece exatamente como ela foi gravada, elas receberam arranjos e instrumentações que muitas vezes dão aquele toque diferente.
“Eu acredito que essas composições da bossa equilibram e revelam um modo de cantar brasileiro que foge dos cantores com as grandes vozes, o que causou na época um impacto muito grande e que segue até hoje. Na Bossa se equilibram os instrumentos com a voz, um estilo de harmonia, ao mesmo tempo que ela mistura ritmos como samba, jazz, e até um toque de clássico”, completa Bogossian.
Para retornar aos palcos em uma temporada longa (e gratuita), o Grupo escolheu como tema revalorizar a música brasileira. “A gente se considera um pouco herdeiro desse modo de fazer teatro, um teatro que passa pelas mudanças da sociedade, de como fazer comédia a partir desses elementos da revista”, diz Bogossian. Isso resultou num projeto que é popular, falar do Brasil, da importância da música popular brasileira também para o mundo, como é a Bossa Nova. Também falar do hibridismo que vai fundar este estilo musical - que traz em sua formação o samba, o jazz, e a coloquialidade de uma paisagem de uma determinada época, mas que vai se transformando também ao longo dos anos e está aí até hoje. “Também pensamos em trabalhar com atores mais jovens, exatamente para haver essa troca sobre como fazer uma comédia musical nos dias de hoje e como esses atores jovens pensam no que seria como fazer uma comédia nesse estilo hoje”, conclui o artista.
Formado pelas atrizes Rosi Campos, Helen Helene e pelo diretor musical Pedro Paulo Bogossian, o Circo Grafitti estreou em 1989 o espetáculo Você Vai Ver O Que Você Vai Ver, de Raymond Queneau, arrebatando 17 prêmios, inclusive o de melhor espetáculo representando o Brasil no exterior.
De lá para cá, a companhia lançou os espetáculos Almanaque Brasil, de Noemi Marinho (1993), Ifigônia (1994), O Gato Preto (2002), Alô, Alô, Terezinha! (2004) e uma variação deste musical, um remix, chamado De Pernas Pro Ar!(2006), que seguiu em viagem por diversas cidades. Todas as montagens ganharam muitos prêmios e indicações ao longo da trajetória do grupo.
Em paralelo, nestes quase 25 anos de estrada, seus integrantes estiveram em projetos artísticos diversos. Rosi Campos atuou em teatro, cinema e televisão. Helen Helene esteve em Assembléia de Mulheres, de Aristófanes, no SESI e em Toda Nudez Será Castigada, ambas dirigidas por Moacir Góes. Pedro Paulo Bogossian participou das montagens de diversos grupos paulistanos, tendo recebido o prêmio Shell em 2000 por Filhos do Brasil, espetáculo de Regina Galdino.
O trabalho do grupo se caracteriza por montagens de comédias musicais inéditas, apoiadas em pesquisa e composição de textos e canções. Seus integrantes se valem da comicidade e do lirismo, mirando-se na tradição do teatro musical brasileiro do início do século XX. Seus espetáculos são marcados pela ausência da quarta parede, abertos a improvisos de momento, com humor refinado e perspicaz. Ao longo do tempo, seus integrantes aprimoraram suas potencialidades também como diretores, autores e produtores na área teatral.
Texto e Direção Geral: Helen Helene e Pedro Paulo Bogossian | Direção de atores: Helen Helene | Direção Musical: Pedro Paulo Bogossian
Elenco: Rosi Campos, Helen Helene, Rachel Ripani, Luciano Schwab, Conrado Caputo, Danilo Martho, Diego Gazin, Efraim Ribeiro, Flávia Teixeira, João Pedro Attuy, Larissa Garcia, Naiara de Castro, Paloma Rodrigues
Músicos: Pedro Paulo Bogossian – Piano, Ana Eliza Colomar - Sax / Flauta, Giullia Assmann – Contrabaixo, Jesum Biasin – Percussão, Rodrigo Mardegan – Bateria
Assistência de Direção: Sandra Mantovani | Assistência de Direção Musical: Pedro Ascaleta | Visualidades Cenografia e Figurinos: Attilio Martiñs | Visagismo: Anderson Bueno | Adereços de Cenário e Figurino: Sidnei Caria | Design de Bonecos: Sidnei Caria | Fotografia: Ary Brandi
Direção de movimento e coreografia: JC Violla | Assistência de coreografia: Nelly Guedes | Preparação e tradução de LIBRAS: Mirian Caxilé | Iluminação Design de Luz: Guilherme Bonfanti | Assistência e Operação de Luz: Francisco Turbiani | Operação de Seguidor: Lays Ventura | Sonorização Design de Som: Luciano Manson e Gabriel Bocutti | Operador de Mesa: Gilbel Silva | Microfonista: Adriana Lima | Técnicos de Palco Coordenador de Palco: Flávio Rodriguez | Camareiros: Ana Lúcia Arruda e Wellington Oliveira | Contrarregras: Flores Ayra e Sérgio Sasso | Roadie: Roupa Nova
Assessoria de Comunicação: Canal Aberto - Márcia Marques, Carol Zeferino e Daniele Valério | Produção: Direção de Planejamento e Produção: Fá Almeida | Coordenação de Produção: Karina Cardoso | Produção Executiva: Daniel Aureliano | Assistência de Produção: Eduardo Barros | Assessoria Jurídica: F&R Advogados | Realização: Grupo Circo Grafitti e Diorama Casa de Produção
Av. Paulista, 1313 - Cerqueira César, São Paulo - SP (em frente à estação Trianon-Masp do metrô)
Ingressos gratuitos. Consulte a disponibilidade de ingressos.
As reservas abrem todas as segundas-feiras, a partir das 8h, para as apresentações que acontecem na mesma semana.