O título do texto de Luís Alberto de Abreu, “As Três Marias”, propõe algumas analogias possíveis. Maria Eugênia (avó), Maria de Lourdes (filha) e Maria Aparecida (neta) são as Marias do título. A dramaturgia cruza as histórias dessas mulheres com elementos da história local, a cidade de Tatuí, interior de São Paulo. As histórias dessas Marias dizem respeito às suas relações com seus respectivos pais e maridos, histórias de amor, dor, rancor, sofrimento e desamor; das violências de gênero, físicas e psicológicas sofridas por essas mulheres e que certamente se assemelham à de incontáveis outras Marias. A encenação articula teatro, poesia e música em torno da história dessa família interiorana que faz do Rio Tatuí um rio de lágrimas e memórias e vê nele espelhado o desejo de continuar existindo. Mãe de vinte e cinco filhos, Maria Eugênia viu suas perspectivas de vida serem reduzidas ao domínio de um homem que a tornou refém de uma vida inglória. Lembrada até hoje pela família como uma das mulheres mais felizes que já conheceram, Maria Eugênia é o retrato de inúmeras Marias do Brasil e sua memória levanta um nevoeiro sobre as histórias de Maria de Lourdes e Maria Aparecida.
Sessão com intérprete de libras no sábado, no Sesi Osasco