Doze novas e novos autores são apresentados em publicação digital da SESI-SP Editora, em obra disponível para download gratuito
Por: Sesi São Paulo
17/06/202215:50- atualizado às 12:26 em 11/07/2022
O Núcleo de Dramaturgia SESI-SP lança, no dia 24 de junho, livro digital com a compilação dos textos da 12ª turma do curso, que contou com coordenação pedagógica de Silvia Gomez e assistência de Angela Ribeiro, ao longo de seis meses em 2020.
O livro conta com 12 textos originais que abordam, cada um à sua maneira, temas cada vez mais urgentes no mundo contemporâneo, com autorias de Amanda Carneiro, Ana Paula Lopez, Belise Mofeoli, Camila Ferrazzano, Daniela Funez, Dante Passarelli, Ivan Marsiglia, Le Tícia Conde, Rodrigo Soares, Soraia Costa, Tomás Fleck e Vitinho Rodrigues.
Uma dramaturgia plural que traz as realidades e irrealidades do imaginário criativo de uma nova geração de artistas, publicados na íntegra sob o selo SESI-SP Editora, disponível para download gratuito, em três formatos - PDF, MOBI e EPUB – para difusão, acesso e estimulo à leitura e descoberta de textos teatrais inéditos na cena artística nacional.
O NÚCLEO DE DRAMATURGIA SESI-SP
Criado em 2006, por meio da parceria entre SESI-SP e British Council, o Núcleo de Dramaturgia é voltado para a descoberta e o desenvolvimento de novos autores teatrais brasileiros. O convênio entre as instituições perdurou até 2018, quando o Núcleo passou por uma reformulação e renomeado para Núcleo de Dramaturgia SESI-SP.
Trata-se de um curso anual, com seleção via Edital de Chamamento, para 12 (doze) autores inéditos, que não tenham sido publicados ou montados profissionalmente, para o aprimoramento de suas escritas dramatúrgicas por meio de aulas, plantões individuais e leituras dramáticas. O curso também pode promover atividades extracurriculares como palestras, bate-papos e oficinas.
O Núcleo de Dramaturgia SESI-SP estimula a criação de dramaturgias que expressem diferentes e novas visões de mundo, linguagens e experimentações estéticas, livres dos padrões do teatro tradicional e comercial. Além de incentivar a reflexão e a discussão entre autores aprendizes e profissionais experientes, brasileiros e de outros países estrangeiros acerca do panorama das artes cênicas contemporâneas.
Inspirados nessa prática pedagógica foram criados também o Núcleo de Dramaturgia SESI – Teatro Guaíra, no Paraná, em 2009, e o Núcleo de Dramaturgia SESI Cultural, no Rio de Janeiro, em 2014, comprovando a capacidade de replicação de boas práticas em outros centros importantes de produção teatral. Em 2016, o Núcleo de Dramaturgia SESI-British Council venceu o 28º Prêmio Shell de Teatro São Paulo, na categoria Inovação, pelo incentivo e formação de novos dramaturgos.
FICHA TÉCNICA:
Livro: Núcleo de Dramaturgia SESI 12ª Turma | Autoria: Amanda Carneiro, Ana Paula Lopez, Belise Mofeoli, Camila Ferrazzano, Daniela Funez, Dante Passarelli, Ivan Marsiglia, Le Tícia Conde, Rodrigo Soares, Soraia Costa, Tomás Fleck e Vitinho Rodrigues | Publicação: SESI-SP Editora | ISBN: 978-85-8205-420-8 | Páginas: 794 | Lançamento: 2022
SOBRE OS TEXTOS:
A imensidão íntima das coisas (dramaturgia de Ana Paula Lopez)
A psicanalista lacaniana internacionalmente desconhecida P, analisa o caso de Ela, a mulher que sonha em torna-se uma escritora de bestsellers e ter milhões de seguimores. Na realidade, é uma anônima escritora de frases de biscoitos chineses. Mesmo sendo esse fiasco da literatura, desenvolve a incrível capacidade de ouvir a micro-conversa telefônica de sua célula e de um micróbio, amigos de infância, ou melhor, de mitose. Numa exposição pública do surpreendente fenômeno, praticamente uma vivência de psicodrama, P nos narra os estranhos acontecimentos por dentro de nossa protagonista. Conta com a ajuda de uma atriz e um ator totalmente desconhecidos, e talvez por isso mesmo, capacitados para interpretar os personagens mais originais da dramaturgia molecular: células, micróbios, vírus e órgãos. Para onde será que esses micro-debates conduzirão essa escritora fracassada? O que o nosso micro-universo tem a nos dizer? A imensidão intima das coisas, é uma viagem ao mundo interior de uma mulher que tem milhares de amigos no facebook, mas apenas a companhia do peixe dourado Haroldo.
O fim é sempre pop (dramaturgia de Dante Passarelli)
Em meio a uma nuvem de fumaça que engolfa São Paulo, um casal comemora seu aniversário de namoro como sempre faz: um passeio a pé pela cidade. Ao notar que uma pessoa desapareceu, um grupo de pessoas se vê mobilizado a buscá-la. Isso os leva a uma inesperada festa de fim de mundo, onde o casal é obrigado a encarar algo que vinham escondendo um do outro. Quantos incêndios ignoramos todos os dias?
9 meses (dramaturgia de Rodrigo Soares)
Uma gravidez inesperada movimenta a vida de um casal que não quer um relacionamento tradicional.
Estados de consciência (dramaturgia de Amanda Carneiro)
Em uma sala repleta de angústia, memória e sonhos, a morte chega para uma jovem que sem saber está sob a vigia de sua própria irmã. Indecisa se salva ou não a caçula de seu sangue, a irmã constrói um abismo entre o tempo do corpo que pede socorro e o tempo da interrogação: qual seu papel nesta história? Que poder possui sobre a existência da outra? Confrontando em delírio a Doença que as opõe, calculando os riscos de perder-se de si e buscando se desconectar do amor e da fé fraternais, a irmã teima em não saber que destino dar a si própria enquanto verifica instantaneamente o custo de suas dúvidas.
Pangeia Mulher (dramaturgia de Belise Mofeoli)
Pangeia é Útero do Universo. Criou a beleza em todas as coisas e, no último dia, a dividiu com o ser humano. E o ser humano criou a desumanidade. Agora Pangeia quer matar seus filhos (famintos) para que não se matem. Ela morreria e o caos também. Não pode! Pangeia fez a mulher à sua imagem e semelhança. O Pantalassa é desague de lágrimas.
Uma unidade astronômica (dramaturgia de Daniela Funez)
O Sol entra em contato. Uma mensagem da estrela é captada pela sonda Glória, controlada pelo observatório de Amparo. Seu significado é misterioso, não se assemelhando com nenhuma linguagem conhecida pela humanidade. Seriam os corpos astronômicos seres conscientes? Os doutores responsáveis pela pesquisa se dedicam a tentar traduzir a mensagem enquanto debatem sobre as possíveis intenções do Sol e enfrentam as consequências da descoberta em suas visões de mundo.
Com ELA (dramaturgia de Camila Ferrazzano)
Ela escreve o espetáculo sobre a doença do pai: um médico que aos 54 anos é diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica - uma condição degenerativa que paralisa progressivamente todos os músculos do corpo. O objetivo da filha-dramaturga é conceber, a partir do fenômeno teatral, uma fenda no espaço-tempo que reorganize o destino paterno. Com preceitos da física quântica, ELA é uma elegia estruturada a partir da pergunta: pode a morte ser testemunho da vida?
a Esfinge (dramaturgia de Le Tícia Conde)
Quando adolescente, Manu passa por uma grave violência. Dez anos depois, sua mãe e sua madrasta irão se casar e sua vida mudará completamente. Em decorrência das vivências de todas as três mulheres, questionamentos são levantados: será que Eva é inocente quanto à Queda? O que é a maldade e suas diversas possibilidades? Será que o sangue é al go que deixa uma mancha permanente? E, perante o mal, qual a nossa responsabilidade? Será possível voltar ao céu uma vez tendo caído? E onde estava a Mãe da Eva? Por que o Pai não fez nada? Tudo se passa numa cozinha, e, entre sol, lua, trovões e raios, entre enjoos e comidas, entre missas e faxinas, elas ganham ciência e consciência da Vida. Através de repetições e transformações, a questão é: será que nós temos força espiritual para decifrar a esfinge hoje em dia?
O antígeno (dramaturgia de Ivan Marsiglia)
Em 1975, no fim das operações do Exército brasileiro contra a guerrilha no Pará, um oficial combina um encontro furtivo com seu superior em um pequeno armazém na vila de São Geraldo do Araguaia. Na conversa, que tem como única testemunha o silencioso Ceará, dono do bar, Cabo Antero divide com Coronel Lustro suas inquietações sobre o trabalho terrível a que se dedicam e sobre um insuspeitado passado comum. O diálogo é assombrado pelo espectro da guerrilheira Iara, cuja execução desencadeia o conflito entre esses homens.
Buracos Negros se alimentam de estrelas (dramaturgia de Soraia Costa)
Autoficção onde ELA, que teve uma experiência de abdução enquanto dormia em 1999, foi levada a acreditar que tal vivência não passou de um sonho até 20 anos depois quando, ao fazer um raio-X, encontra um objeto metálico em seu corpo de origem desconhecida. Obcecada por reviver o contato extraterrestre, ela recebe a ajuda dELE - um jovem cientista nerd e sem muitos amigos - que está construindo uma máquina que reproduz um buraco negro, na tentativa de abrir um portal para viajar no tempo. A sensação de suspensão que delimita o ficcional do biográfico é um dos eastereggs propostos por esta dramaturgia híbrida, atribuída de grande performatividade. A relação entre Ela e Ele é iluminada por lembranças que precisaram ser esquecidas. Confinados nesta dimensão, será que é possível alterar a cronologia dos acontecimentos e mudar seus destinos?
Congresso-fronteira sobre os humanos e os fantasmas (dramaturgia de Vitinho Rodrigues)
Um pedreiro, que trabalha na construção de uma parede em uma fronteira, demarcada por um rio. Uma figura solitária, que vive na obra em que trabalha e cuja única companhia é um rádio, que pega a frequência de ambos os lados da fronteira. Uma senhora, que perambula pela fronteira na espera pelos filhos. Uma senhora pobre, que vive distante da fronteira. O encontro dessas personagens revela, por meio dos diálogos entre elas, a identidade e o passado dessa senhora. Costurando a história, dois palestrantes se reúnem para, de forma quase anatômica, analisar o encontro entre A Senhora e Pedreiro, levantando discussões sobre a humanidade e as zonas da fronteira.
A tragédia canina para humanos (dramaturgia de Tomás Fleck)
Uma epidemia de leishmaniose visceral - doença que afeta pessoas e cães e é transmitida pela picada de um inseto - invade um bairro periférico do interior paulista. A vigilância sanitária indica matar todos os cães, e explica que eles podem passar as doenças para os moradores. O cachorro Tobby - que não está doente, mas corre o risco de sofrer eutanásia - tenta entender seu lugar naquele universo. Ele acredita ter nascido para proteger sua dona, mas agora passa a representar um risco para a saúde dela e da comunidade. A incompreensão cresce numa constante até que ele precisa tomar decisões drásticas sobre seu futuro.