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Exposição inédita traz o universo gráfico do cineasta russo Serguei Eisenstein

No ano em que se comemora os 125 anos do nascimento do cineasta russo, a exposição “Serguei Eisenstein e o mundo” apresenta o universo de um dos nomes mais revolucionários da arte no século XX a partir da sua obra gráfica.

No ano em que se comemora os 125 anos do nascimento do cineasta russo, a exposição “Serguei Eisenstein e o mundo” apresenta o universo de um dos nomes mais revolucionários da arte no século XX a partir da sua obra gráfica.

 Por: Mariana Soares, Comunicação Sesi-SP
11/04/202311:09- atualizado às 15:32 em 13/06/2023

As múltiplas linguagens visuais utilizadas por Serguei Eisenstein na sua obra foram para o mundo das imagens o que a Revolução Russa foi para os arranjos sociais, políticos e econômicos que transformavam a Europa no início do século. Composta por cerca de duzentos desenhos, a exposição tece, através de esboços, fotografias, cartazes, caricaturas, projeções e objetos, diálogos com acontecimentos e culturas que influenciaram o artista no seu processo criativo: do teatro Kabuki às culturas pré-colombianas, da Revolução Russa à Haitiana. Mostrando a capacidade de Serguei Eisenstein de concentrar no papel um fluxo constante de ideias que dialogam com sua obra cinematográfica, “Serguei Eisenstein e o mundo” realça a natureza renascentista do artista.

Os desenhos exibidos apresentam a autonomia deste universo gráfico e eram considerados pelo próprio diretor como uma forma de transcrição dos seus pensamentos, tornando-se também uma etapa primordial na preparação dos filmes do diretor. Os esboços, assim como os desenhos de cenários, figurinos e personagens transformam a exposição também num rico observatório sobre o processo criativo do diretor. Na exposição, o diálogo com este conjunto de obras que é marcado pelo seu aspecto cinemático é ainda enriquecido através da confrontação com objetos de diversas culturas que influenciaram o artista, provocando ainda um intenso diálogo com excertos dos filmes de Serguei Eisenstein, também projetados no espaço expositivo.

A ideia é propor ao público uma verdadeira imersão no complexo e rico processo criativo do artista, no qual o desenho está presente de maneira perene: das primeiras correspondências enviadas à mãe até as últimas meditações gráficas, que contrastam com as imagens irônicas e cotidianas do diretor.”, comentam os curadores.

O universo gráfico de Serguei Eisenstein é apresentado ao público brasileiro pela primeira vez na exposição “Serguei Eisenstein e o mundo”. A exposição será ainda enriquecida por um ciclo de palestras, evocando diferentes aspectos na obra de Serguei Eisenstein, e por uma mostra cinematográfica que, além de apresentar a filmografia de Serguei Eisenstein, apresenta filmes que influenciaram o artista, assim como filmes influenciados pela estética eisensteniana.

 

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Saiba mais sobre o artista e os curadores

 

Nasceu em Riga, em 1898. Após ter concluído a Escola Real, iniciou seus estudos no Instituto de Engenharia Civil de Petrogrado, mas precisou interrompê-los com a eclosão da Revolução Russa. Nessa época, como soldado do Exército Vermelho, teve o primeiro contato com o teatro Kabuki e o idioma japonês, influências que o acompanhariam por toda a vida. Em 1920, se instalou em Moscou e começou os estudos teatrais na classe de Vsevolod Meyerhold, um dos principais diretores de teatro do século XX, realizando também seus primeiros trabalhos no teatro Proletkult. Em 1923, escreveu o primeiro ensaio para o jornal LEF. A busca pela linguagem cinematográfica moderna, a descoberta das novas possibilidades de montagem, ritmo e ângulo foram realizadas nos seus três primeiros longas-metragens: A greve (1925), O Encouraçado Potiémkin (1925), considerado até hoje como um dos dez mais importantes filmes da história do cinema, e Outubro (1927). Em 1928, realizou uma viagem de dois anos pela Europa, tendo ministrado palestras em Berlim, Zurique, Londres e Paris. Entre 1930 e 1932, após ter alguns roteiros reprovados pela indústria cinematográfica de Hollywood, viveu e trabalhou no México. O filme Que Viva México!, realizado com o cineasta Grigori Aleksándrov e o operador Eduard Tissé, principal fruto da passagem do diretor pelas Américas, permaneceu, entretanto, inacabado. Sob suspeita de deserção, Eisenstein se viu forçado a regressar à União Soviética e retomou suas atividades como professor no Instituto Estatal de Cinema (VGIK). O filme Alexander Niévski, com música de Serguei Prokofiev, alcançou um enorme sucesso junto ao público e foi um marco tanto no processo criativo de Eisenstein quanto no retorno do cineasta ao cenário cinematográfico da antiga União Soviética. Na última década da sua vida, entre 1938 e 1948, Eisenstein começou a refletir sobre uma nova forma de cinema, terminando a sua carreira com o filme Ivan, o Terrível, no qual trabalhou durante os anos passados em evacuação, em Alma-Ata (Cazaquistão), durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, o último filme do diretor, cuja ideia principal era sobre a expiação trágica de um governante pelos crimes cometidos durante sua luta pelo poder, recebeu ataques ferozes da crítica oficial. A segunda parte do filme foi banida, até 1958, e a terceira nunca foi realizada. Doente e impactado pela censura ao filme, Serguei Eisenstein faleceu em 1948, aos 50 anos.  Deixou um legado que ultrapassa a sua filmografia e contempla uma vasta obra gráfica e diversos estudos teóricos sobre o cinema. Ele é um dos nomes fundamentais na consolidac¸a~o da linguagem das imagens em movimento e um dos pioneiros da montagem cinematográfica. Sua obra influenciou grandes cineastas, tais como Mikhail Romm, Orson Welles, Jean-Luc Godard, Brian de Palma, Oliver Stone, Alfred Hitchcock, Ettore Scola e Glauber Rocha, e continua sendo objeto de estudo de diretores, artistas e críticos do cinema. 

Curador, artista e pianista. Realizou sua primeira curadoria foi na França, em 2011. No Brasil, como curador de mais de oitenta exposições, apresentou pela primeira vez no país a obra de diferentes artistas visuais, tais como Antanas Sutkus, Serguei Maksimishin, Mac Adams, François Andes, entre outros. Em 2012, criou o Festival Artes Vertentes – Festival Internacional de Artes de Tiradentes, que recebeu durante as últimas nove edições mais de 400 artistas sob a sua direção artística. Entre 2011 e 2014, integrou a direção artística do Zeitkunst Festival, em Berlim. Participou de diferentes programas de residência artística na América do Sul, na Europa e na Ásia. Desde 2016, vem colaborando com o Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro. 

Nascido em 1937, eé historiador de cinema e curador. Foi cofundador do Arquivo Serguei Eisenstein, organização que dirigiu entre 1967 e 1985. Em 1989, foi também cofundador do Museu de Cinema de Moscou, em 1989, o qual dirigiu até o verão de 2014. Considerado um dos maiores especialistas da obra de Serguei Eisenstein, é autor de inúmeras publicac¸ões sobre a obra do cineasta russo, assim como do documentário A casa do mestre. Integra frequentemente os júris dos mais importantes festivais internacionais de cinema. Seu trabalho pela defesa do cinema na Rússia contemporânea é internacionalmente reconhecido. Em 1992, recebeu a Ordem das Artes e Letras do governo francês, e em 1995, a Medalha Goethe, outorgada pelo governo alemão. Naum Kleiman foi homenageado com a Câmera Berlinale durante a 65ª edição do festival homônimo.


Exposição “Serguei Eisenstein e o mundo”

Curadoria de Luiz Gustavo Carvalho e Naum Kleiman

Acompanhada por um ciclo de palestras e mostra cinematográfica. A última conta com o apoio da Cinemateca da Embaixada da França no Brasil, do Consulado Geral da França em São Paulo e do Goethe Institut.  

Visitação de 5 de abril a 4 de junho de 2023, de terça a domingo, das 10h às 20h  

Centro Cultural Fiesp – SESI-SP  | Avenida Paulista, 1313 – São Paulo – SP 

Entrada gratuita 

Mostra Cinematográfica

 

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