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Espetáculo Chroma Key problematiza a representação da masculinidade e do narcisismo

Com texto de Angela Ribeiro, direção de Eliana Monteiro e atuação de Rafael De Bona e Ricardo Henrique, peça coloca a virilidade narcísica do masculino em xeque

Com texto de Angela Ribeiro, direção de Eliana Monteiro e atuação de Rafael De Bona e Ricardo Henrique, peça coloca a virilidade narcísica do masculino em xeque

 Por: Comunicação Sesi-SP
20/02/202411:24- atualizado às 11:38 em 04/04/2024

Um homem em confronto consigo mesmo: esse é o mote do espetáculo “Chroma Key”, que reestreia em São Paulo. Na trama, os idealizadores e atores Rafael De Bona e Ricardo Henrique dão vida a uma figura em uma profunda crise existencial. Como em um circuito incansável, ele reflete sobre pilares sociais, trabalho, dinheiro, família e o modo como atua no mundo, problematizando a representação de sua masculinidade.

A peça, que cumpriu uma bem-sucedida temporada no Sesc Avenida Paulista em 2022, faz apresentações gratuitas entre os dias 16 de fevereiro e 24 de março no Espaço Mezanino do Centro Cultural Fiesp. As sessões acontecem de quinta a sábado, às 20h30, e, aos domingos, às 19h30. É possível reservar os ingressos online a cada segunda-feira, a partir das 8h.

 



Imagem divulgação

 

Sobre o texto

Em 2018, quando iniciaram-se as pesquisas para o espetáculo, o ponto de partida foi a depressão originada da sociedade do trabalho e da produção. Para a diretora Eliana Monteiro, a metáfora que resume esse sentimento é a de um boi com os olhos totalmente tapados por um antolho – acessório que limita a visão dos animais de montaria, forçando-os a olhar apenas para frente e evitando que se distraiam e saiam do rumo, andando em círculos para se alimentar enquanto seu movimento é responsável por fazer um moinho funcionar, moendo cana ou mandioca.

Esses homens fazem parte da engrenagem de um sistema que asfixia o sujeito. A todo o momento as pessoas são bombardeadas por informações, sem tempo suficiente para ressignificá-las, problematizá-las e até digeri-las. Trata-se de uma violência invisível que exaure e gera uma sociedade na qual corremos contra o tempo e não sabemos para onde.

 

Sobre a encenação

Na nova temporada, de acordo com a encenadora, a peça ganhou contornos ainda mais radicais. Isso porque o espaço destinado ao espetáculo no Mezanino do Centro Cultural Fiesp é bem mais estreito do que no Sesc Avenida Paulista, criando uma enorme contradição. “Na primeira versão, estávamos todos confinados e o espaço do confinamento na peça era muito maior, fazendo alusão ao tamanho ocupado pelo masculino naquele momento. No espaço atual, ele está submetido a um cubículo, o confinamento é maior, o embate entre as projeções que o homem tem de si e o círculo fechando sobre si, será o desafio dessa empreitada”, explica Eliana. 

Para Ricardo Henrique, olhar para a própria trajetória masculina foi desafiador. “Pensar no quanto ainda reproduzimos o machismo nas nossas relações e no trabalho não foi fácil. Este homem que estamos retratando é extremamente nocivo e facilmente reconhecível pela plateia: ele tem ódio das mulheres e não consegue aceitá-las em cargos superiores, por exemplo. Da mesma forma, ele não sabe lidar com o abandono e vive competindo com seus pares”, afirma.  

Rafael De Bona vai além. “É evidente que é uma personagem que reflete uma masculinidade específica. Existem muitas masculinidades, não só essa. Mas essa é a que está no centro da problemática dos nossos tempos. Nosso desafio foi nos colocarmos juntos em questão com isso, sem ignorar quem somos e sem sair ilesos enquanto intérpretes”, diz. 

Visualmente falando, a encenação propõe uma instalação cenográfica imersiva, investindo na multiplicidade de linguagens artísticas para a criação de uma experiência ativa com o público, borrando as fronteiras das linguagens do teatro, do audiovisual e das artes visuais.

Assim, os atores se relacionam com projeções em vídeo criadas por Bianca Turner em um cenário assinado por Rafael Bicudo. A iluminação de Guilherme Bonfanti e a trilha sonora de Érico Theobaldo intensificam a sensação de opressão da personagem. O figurino é de Marichilene Artisevskis e a produção da Corpo Rastreado.


Chroma Key
16 de fevereiro a 24 de março de 2024 - quintas, sextas e sábados às 20h30; domingos, às 19h30
Espaço Mezanino do Centro Cultural Fiesp 
Avenida Paulista, 1.313 – em frente ao Metrô Trianon-Masp
Classificação etária: 16 anos | Duração: 70 minutos | Lotação: 50 lugares

 

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